Um minuto. Todo o mundo.

por id435009.scuczx.xyz

A aflição, seus olhos pegando fogo. Colocara à prova todo o seu baixo repertório vocabular, mas, afinal, quem se importava? O mundo (o dele, claro) girava em torno daquele escanteio, a bola espalmada e rebatida para o amontoado Puta que te pariu!!! (com ênfase e demora no primeiro “u”). Não havia catástrofe que superasse a infelicidade de um eventual gol. Sacrificaria problemas como a morte do cachorro, um aleive matrimonial ou, até mesmo, um bombardeio aéreo em plena Av. Paulista. Estava ganhando, o que é pior: uma felicidade frágil que, em qualquer momento, pode se transformar no pior dos pesadelos. Seu amigo vascaíno ainda aproveitara a situação para zombar a angústia do amigo É sempre assim, no final sai um gol, você vai ver, e acrescentou, lembra daquele campeonato paulista de 2001? Seu radinho musicava em uma narração hiperbólica mas verdadeira O filha da puta deve ter feito algum curso, treinamento em sadismo e sofrimento, filho da puta, pensara. Mas, o mesmo mal-falado homem, em instantes se tornou o mais bondoso dos santos. Fez as pazes ao ouvir do próprio carrasco que Apita o final do jogo! Agora é definitivo, carimbado. Seu dia, mais feliz, mesmo tendo vendido apenas 4 DVDs piratas ao longo de todo o dia, e daí? só pensava na vitória e no que falaria ao vizinho são paulino veado Ia ouvir, ah, se ia. Quase gritou Vai, Verdão!, mas tinha medo de perder clientela. Um medo bem menor do que tomar aquele gol, mil vezes menor.